Quem é realmente "querido" por você?
Quem realmente você ama, considera, quer bem?
Terça á noite, voltando do trabalho com um bom amigo, na praça da Sé fomos abordados por um mendigo, que pediu qualquer valor que tivéssemos.
Sem parar e tremendo por dentro (como a maioria de nós quando um estranho se aproxima) disse a ele de maneira tranquila:
"Desculpe, querido, eu não tenho."
Passamos por ele e mesmo já com alguma distância pude ouvir:
"Eu não sou seu querido."
Na hora queixei-me com meu amigo achando que havia sido gentil com o mendigo e ele me tratara mal.
Meu amigo disse que não era bem assim. Membro de um projeto que ajuda pessoas carentes, explicou-me que lá aprendeu que não se trata pessoas de rua dessa maneira, pois a "familiaridade" pode ser interpretada não como gentileza, mas como ofensa, zombaria.
"Afinal - continuou ele - não tratamos qualquer pessoa com familiaridade. Você chama qualquer pessoa, mesmo as que conhece, de querido, querida?"
Senti-me constrangida pela minha arrogância e pelo meu erro.
Olhei para trás; o mendigo já sumira.
Fico pensando como deve ser duro não se sentir querido por ninguém. Talvez, nem por si mesmo.
Vigiarei mais minhas palavras e atitudes, meus pensamentos e sentimentos. Principalmente, esses últimos.
E lembrarei de mim e daquele mendigo em minhas orações.
sp/17/04/2008/qui.