domingo, 27 de junho de 2010

38 - Orgulho



"Certo dia um homem chegou do trabalho, e encontrou sete pessoas dentro de sua casa. Ficou assustado, quando um homem muito musculoso disse:

-Não tema, somos tão velhos quanto o mundo, e estamos em todos os lugares. Eu sou a PREGUIÇA, e estou aqui com meus colegas para que você escolha um de nós para sair definitivamente de sua vida...

-Mas como você é a preguiça? Tem corpo de quem malha diariamente!

-Sou forte como um touro, sim. E peso nos ombros dos fracos que sucumbem à esse pecado.

E então uma velha horripilante, encurvada e de aspecto enrugado, lhe diz:

-E eu sou a LUXÚRIA. Sou capaz de trazer doenças e morte, perverter crianças e destruir a sagrada família. - e antes que o homem argumentasse que ela era feia, se transformou numa bela mulher, dizendo: "Não há feiúra para a luxúria".

E um mendigo fedido que estava no canto da sala diz:

-Eu sou a GANÂNCIA. Muitos matam e abandonam famílias por mim. Tenho essa aparência pois não importa o quanto rico eu seja, sempre vou cobiçar e querer mais e mais.

-E quem seria você? - o dono da casa perguntou à uma mulher, linda, exuberante, que estava sentada no sofá, um corpo escultural.

-Eu sou a GULA. Ao contrário do que muitos pensam, não sou gorda e feia, pois assim seria fácil resistir à esse pecado. Quem tem a mim nem percebe. - ela respondeu.

Um velho estava sentado na poltrona, aspecto calmo, e disse, com voz serena:

-Eu sou a IRA, ou cólera, ou raiva. Tenho muitos nomes, e sou o mais comum entre as pessoas. Posso ser o avô da humanidade, que por mim matam com crueldade e destroem cidades e civilizações. Mesmo quando não apareço, posso estar guardado dentro de você, lhe causando úlceras, câncer e outras doenças.

Nisso apareceu uma princesa, a ostentação em pessoa. Vestia roupas finas, e usava uma coroa, braceletes e anéis de puro ouro.

-E eu sou a INVEJA. Não tenho ainda tudo o que desejo. Existo entre os ricos e os pobres igualmente. A inveja surge pelo que não se tem, e pelo que é dos outros. Nesse aspecto sou parecida com a cobiça... E sou uma das madrinhas da tristeza.

Ela foi interrompida por um lindo menino, sorridente e brincalhão, que perguntou ao morador:

-Quer brincar comigo? Eu sou o ORGULHO. Não se engane, não sou puro e inocente como pareço, sou tão destrutível quanto os outros pecados.

E então, vendo que precisaria mesmo escolher entre um dos sete, o morador pediu tempo para pensar... Quando voltou, tinha escolhido o ORGULHO para sair de sua vida. A criança olhou raivosamente para ele, e foi embora. Para a surpresa do homem, todos os outros também saíram junto com o menino.

-Esperem! Eu... acertei?

O menino então se voltou, e respondeu, com uma voz que não era de criança:

-Sim, fez a escolha certa. Tirou o orgulho de sua vida, e onde não há Orgulho não há preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver não percebendo que na verdade vegetam. Também não há Luxúria, pois os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores, assim como não há Cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que na verdade são instrumentos do dinheiro.

O morador olhava atônito, e o menino continuou:

-Onde não há orgulho, não há Gula, pois os gulosos se orgulham de sua condição e jamais admitem que o são, arrumam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade são marionetes dos desejos. Também não há Ira, pois os irados têm facilidade com aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições. E por fim, não há inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele qual for, precisam constantemente superar os demais nas conquistas, não percebendo que na verdade são ferramentas da insegurança.

Então saíram todos sem olhar para trás."

Lewd 
Sistinas  


Leia a versão completa desse belo conto nos links assinalados.
Agradecemos ao Lewd a permissão para publicá-lo aqui.

Um comentário:

Giane disse...

Orgulho não leva mesmo a gente a nada. Que bom poder constatar isso de maneira inteligente, através desse conto.

Recomendo uma visita ao site
www.sistinas.com.br
Vocês vão se surpreender...

Beijos mil!!!

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